sábado, 24 de julho de 2010

Hércules ou Héracles




Hércules ou Héracles, o maior de todos os heróis gregos, era filho de Zeus e Alcmena. Alcmena era a virtuosa esposa de Anfitrião e, para seduzi-la, Zeus assumiu a forma de seu marido enquanto este estava ausente de casa. Quando seu marido retornou, descobriu o que tinha acontecido e ficou tão irado que construiu uma grande pira para queimar Alcmena viva. Mas Zeus mandou nuvens de chuva para apagar o fogo e Hera, a esposa de Zeus, passaria a perseguir Hércules por toda sua vida.

Ainda recém-nascido, Hércules rapidamente revelou seu potencial heróico. Ainda no berço ele estrangulou duas serpentes que a ciumenta Hera, esposa de Zeus, mandou para atacá-lo. E ainda menino, ele matou um leão selvagem no Monte Citéron. Na vida adulta, as aventuras de Hércules foram maiores e mais espetaculares do que as de qualquer outro herói.

Por toda a antiguidade ele foi muito popular e se tornou o assunto de numerosas estórias e incontáveis obras de arte. Apesar das mais coerentes fontes literárias sobre suas façanhas datarem apenas do século III a.C., citações espalhadas por vários locais e a evidência de fontes artísticas, relatam que suas aventuras eram bem conhecidas em tempos mais antigos.

Hércules realizou seus famosos doze trabalhos sob o comando de Euristeu, Rei de Argos de Micenas. Existem várias explicações da razão pela qual Hércules foi obrigado a realizar os pedidos cansativos e aparentemente impossíveis de Euristeu. Fontes sugerem que os trabalhos eram uma penitência imposta pelo Oráculo de Delfos quando, num acesso de loucura, ele matou todos os filhos de seu primeiro casamento.

Enquanto os seis primeiros trabalhos se passam no Peloponeso, os últimos levam Hércules a vários lugares na orla do mundo grego e além. Durante os trabalhos, Hércules foi perseguido pelo ódio da deusa Hera, que tinha ciúmes dos filhos de Zeus com outras mulheres. A deusa Atena, filha de Hera, era uma defensora entusiasta de Hércules e também desfrutava da ajuda ocasional de seu sobrinho Iolau.

Hércules deveria matar o leão de Neméia, uma enorme fera invulnerável a qualquer arma. Hércules lutou com ele e estrangulando-o apenas com suas mãos, removeu sua pele e passou a utilizá-la como uma capa protetora que o tornava também invulnerável a qualquer arma.

Exigia a destruição da Hidra de Lerna, um monstro de várias cabeças que flagelava os pântanos perto de Lerna. Sempre que Hércules decepava uma cabeça, duas cresciam. Mas Iolau o ajudou e, enquanto cortava as cabeças de Hidra, seu sobrinho as cauterizava com uma tocha flamejante, evitando que novas cabeças surgissem. Em seguida, Hércules embebeu suas flechas no sangue venenoso de Hidra, tornando-as venenosas.

No Monte Erimanto havia um feroz javali. Euristeu ordenou que Hércules lhe trouxesse o animal vivo à sua presença. As antigas ilustrações deste episódio mostram principalmente Euristeu acovardado refugiando-se num grande jarro, sugere que ele veio a se arrepender desta ordem. Hércules levou um ano para realizar o trabalho a seguir, que era capturar a Corça do Monte Carineu.

Os Pássaros Estinfalos eram tão numerosos que estavam destruindo todas as plantações nas vizinhanças do Lago Estinfalo em Arcádia. Eles eram comedores de homens, ou pelo menos podiam atirar suas penas como se fossem flechas, e Hércules os afugentou.

O Rei Áugias de Élida possuía grandes rebanhos de gado, cujos currais nunca tinham sido limpos, assim o estrume tinha vários metros de profundidade. Euristeu deve ter pensado que a tarefa de limpar os estábulos num único dia seria impossível, mas Hércules uma vez mais conseguiu resolver a situação, desviando o curso de um rio e as águas fizeram todo o trabalho por ele.

Euristeu então pede que Hércules capture o selvagem touro de Creta, o Minotauro. Assim que Euristeu viu o animal, Hércules o soltou até que Teseu foi capturar o Touro em Maratona. A seguir, Euristeu enviou Hércules à Trácia para trazer os cavalos devoradores de homens de Diomedes. Hércules amansou estes animais alimentando-os como seu brutal senhor, e os trouxe de maneira segura a Euristeu.

A seguir, ele foi imediatamente mandado, desta vez para as margens do Mar Negro, para buscar a cinta da rainha das Amazonas. Hércules levou um exército junto consigo nesta ocasião, mas nunca precisaria dele se Hera não tivesse criado problemas. Quando chegou à cidade das Amazonas de Temisquira, a rainha das Amazonas estava até feliz que ele levasse sua cinta. Hera, sentindo que estava sendo fácil demais, espalhou um boato que Hércules pretendia levar a própria rainha, iniciando-se uma sangrenta batalha. Hércules, conseguiu escapar com a cinta, mas após duros combates e muitas mortes.

Depois foi mandado além da borda do Oceano no extremo ocidente, para buscar o Rebanho de Gérião. Gérião era um formidável desafio; não apenas tinha um corpo triplo, mas para ajudá-lo a tomar conta de seu maravilhoso rebanho vermelho, também utilizava um feroz pastor chamado Euritão e um cachorro com duas cabeças e rabo de serpente chamado Orto. Orto era o irmão de Cérbero, o cão que guardava a entrada do Mundo Inferior. O encontro de Hércules com Gérião é algumas vezes interpretado como seu primeiro encontro com a morte. Apesar de Hércules ter se livrado de Euritão e Orto sem muito dificuldade, Gérião, com seus três corpos pesadamente armados, provou ser um adversário mais formidável, e apenas após uma terrível luta Hércules conseguiu matá-lo.

Quando retornou à Grécia, Euristeu enviou para uma jornada ainda mais desesperadora, descer ao Mundo Inferior e trazer Cérbero, o próprio cão do Inferno. Guiado pelo deus mensageiro Hermes, Hércules desceu ao lúgubre reino dos mortos e, com o consentimento de Hades e Perséfone, tomou emprestado o monstro assustador e de três cabeças para mostrá-lo ao aterrorizado Euristeu. Depois devolveu o cachorro a seus donos de direito.

Mesmo assim, Euristeu solicitou um último trabalho: que Hércules lhe trouxesse os Pomos do Ouro de Hespérides. Estes pomos, a fonte da eterna juventude dos deuses, era um jardim nos confins da terra e dava as frutas douradas, que eram cuidadas pelas ninfas chamadas Hespérides e guardadas por uma serpente.

Além dos doze trabalhos, muitos outros feitos heróicos e aventuras foram atribuídos a Hércules. Como era um adivinho Cipriota e tornou-se a primeira vítima de seu próprio conselho. Quando o método se mostrou efetivo, Busíris ordenou que todo o estrangeiro temerário o suficiente a entrar em seu reino seria sacrificado. Na vez de Hércules, deixou-se ser aprisionado e levado ao local do sacrifício antes de se voltar contra seus agressores e matar uma grande quantidade deles.

Hércules era muito leal aos seus amigos; mais de uma vez ele arriscou sua vida para ajudá-los. Hércules era o super-homem grego, sendo muitas das estórias de seus feitos interessantes contos de realizações sobre-humanas e monstros fabulosos. Ao mesmo tempo Hércules, assim como Ulisses, também atua como se fosse um homem comum, sendo suas aventuras como parábolas exageradas da experiência humana.

Irritadiço, não extremamente inteligente, apreciador do vinho e das mulheres, com inúmeras aventuras amorosas, era uma figura simpática. Destruía o mal e defendia o bem, superando todos os obstáculos que o destino lhe colocava. Além de tudo, ofereceu alguma esperança para a derrota da ameaça última e crucial do homem, a morte.

O fim de Hércules foi caracteristicamente dramático. Uma vez, quando ele e sua nova noiva Dejanira estavam atravessando um rio, o centauro Nesso ofereceu-se para transportar Dejanira e no meio da correnteza tentou raptá-la. Hércules matou-o com uma de suas flechas envenenadas. Ao morrer, Nesso simulando arrependimento, incentivou Dejanira a pegar um pouco de sangue do seu ferimento e guardá-lo. Se Hércules algum dia parecesse cansado dela, deveria embeber um traje no sangue e dá-lo para que ele o vestisse; após isso, ele nunca mais olharia para outra mulher.

Anos mais tarde Dejanira lembrou-se deste conselho quando Hércules, voltando de uma distante campanha, mandou à frente uma linda princesa aprisionada pela qual estava evidentemente apaixonado. Dejanira mandou a seu marido um robe tingido pelo sangue. Ao vestir a roupa, o veneno da Hidra penetrou na sua pele e ele tombou em terrível agonia. Seu filho mais velho, Hilo, levou-o ao Monte Eta e depositou seu corpo numa pira funerária. Entretanto, os trabalhos de Hércules asseguraram-lhe a imortalidade, assim ele subiu ao Olimpo e assumiu seu lugar entre os deuses que vivem eternamente, pois Gerião e Cérbero representavam a morte e as maçãs eram o fruto da Árvore da Vida.

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A luta de Héracles ou Hércules com as feras representa a constante luta que temos para conter a fera que mora dentro de nós, ao mesmo tempo que preservamos nosso instinto vital e criativo. O leão está sempre associado à realeza, e mesmo em sua forma destrutiva, é o rei dos animais, egocêntrico e selvagem, o princípio infantil. Dessa forma sempre que derrotamos e vestimos a pele do leão, as opiniões dos outros, que antes nos intimidavam, já não tem mais valor, pois estamos vestidos com uma poderosa couraça, nossa própria identidade.

No entanto, por mais heróica que seja, a pele do leão sempre representa o egocentrismo, a dificuldade de lidar com a frustração e com a raiva contida. É quando não sabemos lidar com a frustração por não conseguirmos o que queremos, a auto-importância inflamada e o orgulho desmedido. Entretanto quando dominamos essa fera poderemos utilizá-la de forma construtiva. Essas conquistas e vitórias exigem que deixemos para trás as couraças, que carregam uma alma sem paixão.

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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