As Mênades, também conhecidas como Bacantes, Tíades ou Bassáridas, eram fanáticas mulheres seguidoras e adoradoras do culto de Dioniso, conhecidas como selvagens e enlouquecidas porque delas não se conseguia um raciocínio claro. Durante o culto dançavam de uma maneira muito livre e lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da natureza.
Os mistérios que envolviam o deus Dioniso provocavam nelas um estado de êxtase absoluto e elas entregavam-se à desmedida violência, derramamento de sangue, sexo, embriaguez e autoflagelação. Estavam sempre acompanhadas dos sátiros embalados pelos sons dos tamborins dos coribantes, formando uma espécie de trupe que acompanhava o deus do vinho nas suas aventuras. Andavam nuas ou vestidas só com peles, grinaldas de Hera e empunhavam um tirso - um bastão envolto em ramos de videira.
Por onde passavam iam atuando como chamariz na conversão de outras mulheres atraindo-as para a vida lasciva. Evidentemente que o comportamento livre e desregrado delas causava apreensão, senão pânico nos lugarejos e cidades onde o cortejo báquico passava. Quando assaltadas por um furor qualquer, não conheciam limites ao descarregar a sua cólera. O maior divertimento das Mênades ou Bacantes era submeter os homens ao sofrimento, despedaçando-os antes de comê-los enquanto estavam em transe. Por isso, obrigavam-se a procurar refúgio no alto das montanhas, onde podiam exercer sua estranha liturgia sem a presença de olhares de censura ou reprovação.
As Mênades estão presentes no mito de Orfeu, que se recusava a olhar para outras mulheres após a morte de sua amada Eurídice. Furiosas por terem sido desprezadas, as Mênades o atacaram atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a sua música mas elas, abafando sua música com gritos, conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois despedaçaram seu corpo e jogaram sua cabeça cortada no rio Hebro, que flutuava cantando: "Eurídice! Eurídice!"
Por sua crueldade, às Mênades não foi concedida a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra em triunfo, sentiram seus dedos entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam até que elas se transformaram em silenciosos carvalhos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu.
No mundo grego e romano, a Bacchanalia ou Bacanais eram festas em honra de Dioniso e as sacerdotisas que organizavam a cerimônia eram as Bacantes. O culto primitivo era exclusivamente feito por mulheres e somente para mulheres, cujo culto teve início na época de Pã. Introduzido em Roma em 200 a.C., a partir da cultura grega do sul da Itália ou através da Etruria influenciado pela Grécia, os bacanais eram realizados em segredo e com a participação exclusiva de mulheres no bosque de Simila, perto da Aventino.
Posteriormente, os rituais foram extendidos aos homens mas denunciado por um jovem que se recusava a participar das celebrações, o Senado, temendo que houvesse alguma conspiração política, proibiu as festas prometendo recompensas a quem desse informações sobre os rituais. Apesar da severa punição infligida àqueles que violassem o decreto, os bacanais continuaram a ser realizados no sul da Itália. O carnaval vem do legado atual do antigo Bacchanalia, Saturnália e Lupercalia. Na obra intitulada Dionísiacas são citadas dezoito Ménades:
Os mistérios que envolviam o deus Dioniso provocavam nelas um estado de êxtase absoluto e elas entregavam-se à desmedida violência, derramamento de sangue, sexo, embriaguez e autoflagelação. Estavam sempre acompanhadas dos sátiros embalados pelos sons dos tamborins dos coribantes, formando uma espécie de trupe que acompanhava o deus do vinho nas suas aventuras. Andavam nuas ou vestidas só com peles, grinaldas de Hera e empunhavam um tirso - um bastão envolto em ramos de videira.
Por onde passavam iam atuando como chamariz na conversão de outras mulheres atraindo-as para a vida lasciva. Evidentemente que o comportamento livre e desregrado delas causava apreensão, senão pânico nos lugarejos e cidades onde o cortejo báquico passava. Quando assaltadas por um furor qualquer, não conheciam limites ao descarregar a sua cólera. O maior divertimento das Mênades ou Bacantes era submeter os homens ao sofrimento, despedaçando-os antes de comê-los enquanto estavam em transe. Por isso, obrigavam-se a procurar refúgio no alto das montanhas, onde podiam exercer sua estranha liturgia sem a presença de olhares de censura ou reprovação.
As Mênades estão presentes no mito de Orfeu, que se recusava a olhar para outras mulheres após a morte de sua amada Eurídice. Furiosas por terem sido desprezadas, as Mênades o atacaram atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a sua música mas elas, abafando sua música com gritos, conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois despedaçaram seu corpo e jogaram sua cabeça cortada no rio Hebro, que flutuava cantando: "Eurídice! Eurídice!"
Por sua crueldade, às Mênades não foi concedida a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra em triunfo, sentiram seus dedos entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam até que elas se transformaram em silenciosos carvalhos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu.
No mundo grego e romano, a Bacchanalia ou Bacanais eram festas em honra de Dioniso e as sacerdotisas que organizavam a cerimônia eram as Bacantes. O culto primitivo era exclusivamente feito por mulheres e somente para mulheres, cujo culto teve início na época de Pã. Introduzido em Roma em 200 a.C., a partir da cultura grega do sul da Itália ou através da Etruria influenciado pela Grécia, os bacanais eram realizados em segredo e com a participação exclusiva de mulheres no bosque de Simila, perto da Aventino.
Posteriormente, os rituais foram extendidos aos homens mas denunciado por um jovem que se recusava a participar das celebrações, o Senado, temendo que houvesse alguma conspiração política, proibiu as festas prometendo recompensas a quem desse informações sobre os rituais. Apesar da severa punição infligida àqueles que violassem o decreto, os bacanais continuaram a ser realizados no sul da Itália. O carnaval vem do legado atual do antigo Bacchanalia, Saturnália e Lupercalia. Na obra intitulada Dionísiacas são citadas dezoito Ménades:
- Acrete - o vinho sem mistura
- Arpe - a flor do vinho
- Bruisa - a florescente
- Cálice - a taça
- Calícore - a formosa dança
- Egle - o esplendor
- Ereuto - a corada
- Enante - a foice
- Estesícore - a bailarina
- Eupétale - as belas pétalas
- Ione - a harpa
- Licaste - a espinhosa
- Mete - a embriaguez
- Oquínoe - a mente veloz
- Prótoe - a corredora
- Rode - a rosada
- Silene - a lunar
- Trígie - a vindimadora
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O mito das Mênades ou Bacantes revela a apreensão do ser humano no que ele tem de selvagem, perigoso e sombrio. Consideradas devoradoras dos homens, essa característica das Bacantes tem um simbolismo muito marcante, pois o mito leva o homem a olhar para si e a reconhecer sua passionalidade e sua desrazão.
A violência que Dioniso impõe, na verdade já está dentro do homem. Essa violência inclui tudo aquilo que é negado, rejeitado, oprimido, desprezado, tudo o que assusta e que é moralmente e eticamente inaceitável e que, como parte da natureza humana, precisa ser aceito e pensado. Se não se dá o espaço necessário na mente para o encontro com o lado sombrio de si mesmo, as perturbações afetivas podem ser muito amplas e, por vezes, irreversíveis, desencadeando-se a loucura e o sofrimento desnecessário.
Um dos dramas humanos está associado à necessidade e à dificuldade do homem em aceitar e se entender com seus aspectos destrutivos, com seus sentimentos agressivos, o ódio, violência, o medo, sem deixar-se dominar por aquilo que sente. A necessidade de aprender a conviver com a própria realidade interior impõe-se ao homem, desde que ele nasce e começa a interagir com o ambiente. O destino que cada um dá a tal necessidade vai depender do interjogo constante entre as condições psíquicas e as facilitações ou obstáculos que o ambiente externo lhe propicia.
O não que Dioniso diz às normas pré-estabelecidas, ao estado controlado e regulador das coisas, às leis, abre infinitas possibilidades. É preciso se opor para criar. A criatividade implica um movimento em sentido oposto ao corrente, ou pelo menos, um novo enfoque ao conhecido, que venha a lançar outra luz sobre ele. Implica numa tomada de posição pessoal.
Apesar de sua proposta de liberdade, o grego não se iludiu a ponto de supor que o homem poderia escapar de si mesmo. O homem conhece seu destino e não pode evitá-lo, quando tenta fazê-lo paga um alto preço. Não há concessões, ou aprende a conviver com sua realidade ou se perde na loucura, na morte, na alucinação e nas sombras...
A violência que Dioniso impõe, na verdade já está dentro do homem. Essa violência inclui tudo aquilo que é negado, rejeitado, oprimido, desprezado, tudo o que assusta e que é moralmente e eticamente inaceitável e que, como parte da natureza humana, precisa ser aceito e pensado. Se não se dá o espaço necessário na mente para o encontro com o lado sombrio de si mesmo, as perturbações afetivas podem ser muito amplas e, por vezes, irreversíveis, desencadeando-se a loucura e o sofrimento desnecessário.
Um dos dramas humanos está associado à necessidade e à dificuldade do homem em aceitar e se entender com seus aspectos destrutivos, com seus sentimentos agressivos, o ódio, violência, o medo, sem deixar-se dominar por aquilo que sente. A necessidade de aprender a conviver com a própria realidade interior impõe-se ao homem, desde que ele nasce e começa a interagir com o ambiente. O destino que cada um dá a tal necessidade vai depender do interjogo constante entre as condições psíquicas e as facilitações ou obstáculos que o ambiente externo lhe propicia.
O não que Dioniso diz às normas pré-estabelecidas, ao estado controlado e regulador das coisas, às leis, abre infinitas possibilidades. É preciso se opor para criar. A criatividade implica um movimento em sentido oposto ao corrente, ou pelo menos, um novo enfoque ao conhecido, que venha a lançar outra luz sobre ele. Implica numa tomada de posição pessoal.
Apesar de sua proposta de liberdade, o grego não se iludiu a ponto de supor que o homem poderia escapar de si mesmo. O homem conhece seu destino e não pode evitá-lo, quando tenta fazê-lo paga um alto preço. Não há concessões, ou aprende a conviver com sua realidade ou se perde na loucura, na morte, na alucinação e nas sombras...
Excelente! Gostei muito do que disse sobre o que o mito das Bacantes revelam ao ser humano.
ResponderExcluirVerdade,,, também gostei.
ExcluirGostei demais. Explica em
ResponderExcluirLinguagem acessível, Clara e curiosa . Gostaria muito de ler mais coisas desta escritora ou escritor . Onde posso achar e conseguir?
Muito bacana! Parabéns pelo didática!
ResponderExcluirMênades, as feministas da sua epoca.
ResponderExcluirÉ preciso destruí-las.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEsclarecedor!
ResponderExcluirdidática clara e esclarecedora, parabens!
ResponderExcluirMuito bom! Seguindo Orfeu acabei chegando aqui!
ResponderExcluirAdorei o texto!
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