quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Ninfas e os Místérios Eleusinos






As ninfas eram divindades dos rios, dos bosques, das florestas e dos campos formando uma grande categoria de deusas-espíritos naturais femininos. Ligadas à natureza e à terra, habitavam os lagos, riachos, bosques, florestas, prados e montanhas. Frequentemente participavam do séquito de divindades maiores, como Artemis, Apolo, Dionísio, Hermes e das tramas amorosas de Afrodite.

Representavam a fertilidade e eram amadas pelos deuses. Muitas delas tiveram filhos de deuses e mortais, tendo sua própria lenda. Elas eram mortais e suas vidas duravam tanto quanto a árvore, o lago, o bosque a que estavam ligadas e recebiam nomes especiais conforme o lugar que habitavam. 

Algumas eram determinadas a uma missão e outras eram incumbidas de proteger um elemento da natureza, especialmente a terra e as águas, sendo relacionadas aos Mistérios Eleusinos.

  • Epigéias eram protetoras da terra
  • Oréades eram protetoras das montanhas
  • Auloníades eram protetoras dos pastos
  • Napéias eram protetoras dos vales
  • Leimáquides eram protetoras das campinas
  • Dríades eram protetoras das florestas
  • Hamadríades eram protetoras das árvores
  • Melíades eram protetoras das árvores do freixo
  • Alseídes eram protetoras das flores e dos campos floridos
  • Efidríades eram protetoras das águas: Oceânidas, Nereidas, Náiades, rinéias ou Crinaias, Limnátides ou Limneidas, Pegéias e Potâmides.
  • As Erínias, Alecto, Tisífone e Megera tinham como missão principal perseguir e enlouquecer os culpados de crimes hediondos.
  • Íris personificava o arco-íris e tornou-se a mensageira de Zeus e Hera.
  • As Harpias, Aelo, Ocípete e Celeno, irmãs de Íris, eram entidades aladas e ferozes, que raptavam crianças e eram capazes de carregar os mortos.
  • Equidna era um monstro metade mulher - metade serpente que deu origem a outros montros como a Esfinge de Tebas e a Hidra de Lerna.


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Os mistérios de Elêusis ou Eleusinos eram ritos de iniciação ao culto das deusas Demeter e Perséfone que se celebravam na região de Elêusis, localidade da Grécia próxima a Atenas. 

Eram os ritos mais importantes celebrados na antiguidade que foram assimilados no Império Romano e ainda podem ser notados em práticas iniciáticas modernas. Os ritos e crenças eram guardados em segredo, só transmitidos a novos iniciados.

Deméter e sua filha Perséfone presidiam os pequenos e os grandes mistérios e muitos desses mistérios ainda não foram totalmente desvendados. Os Mistérios Eleusinos celebravam o regresso de Perséfone que era marcado pelo regresso da vida à terra, da germinação das plantas depois do inverno. 

As sementes que ela trazia significavam o renascimento de toda a vida vegetal na primavera. Deméter, deusa da agricultura, era vista pelos iniciados como a mãe das almas e da inteligência divina. Os sacerdotes de Elêusis ensinaram sempre a grande doutrina esotérica vinda do Egito porém revestida de encanto e beleza.

O mito de Elêusis ainda se mantém vivo nas diversas escolas Iniciáticas; é a doutrina da vida universal que se encerra no simbólico grão de trigo de Elêusis, que deve morrer e ser sepultado nas entranhas da terra para que possa renascer à luz do dia, depois de abrir caminho através da escuridão em que germina.

O mito simboliza lançar sementes à terra e aguardar até que brotem novas colheitas, uma espécie de morte e ressurreição. No seu sentido íntimo, é a representação simbólica da história da alma, de sua descida na matéria, de seus sofrimentos nas trevas do esquecimento e depois sua re-ascensão e volta à vida divina.





quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Enéias e Dido, as consequências da fama





Dido era filha de Belo - o Rei de Tiro e casada com Siqueu - o homem mais rico de todo o reino. Quando o Rei Belo faleceu, Pigmalião, o irmão de Dido, ocupou o trono. 

Ele era um homem perverso e, sabendo das fortunas do marido de Dido, tramou a morte do cunhado para tomar-lhe as riquezas. Planejando um encontro com Siqueu no templo de Hércules, Pigmalião apunhalou o cunhado e matou-o.

Dido desconhecia quem havia assasinado cruelmente seu marido,  até que Siqueu apareceu-lhe em sonho e revelou o seu triste destino e o local onde estavam escondidas suas riquezas. Também disse a Dido que seu irmão planejava sua morte e que ela devia partir imediatamente. 

Secretamente Dido reuniu seus súditos e partiu para uma longa viagem chegando até as costas da África. Tão logo desembarcou, Dido procurou os nativos do lugar e lhes pediu humildemente um pedaço de terra que fosse do tamanho do couro de um boi, onde pudesse viver com seus súditos.

Os nativos riram em deboche, pois o couro cobria apenas alguns metros que não caberia todas as pessoas e bagagens. Dido apanhou uma lâmina muito afiada, retirou um fio comprido de seus cabelos e ordenou que o couro fosse cortado em finas tiras que deveriam ser unidas e estendidas até formar um quadrado.

Ao unir os fios de couro a área prometida tornou-se um grande reino. A nova cidade passou a se chamar Birsa, onde ergueu-se a cidadela de Cartago. Logo o pequeno pedaço de terra se tornou um dos lugares mais prósperos e florescentes de todo o mundo, governado por Dido, a rainha dos cartaginenses.

A rainha Dido tinha a fama de recato e puritanismo tendo recusado vários pedidos de casamento. Ela tinha conseguido expandir seu reino graças ao seu tirocínio tornando seu reino a maior potência econômica e militar da região. No entanto, Dido era muito hospitaleira e acolhia os errantes dos mares.

Enéias, o famoso chefe dos troianos, tinha partido de Troia depois da guerra e, depois de navegar por muito tempo chegou ao reino de Dido. Enéias era filho de Afrodite e, portanto, também era perseguido por Hera, a grande inimiga de Afrodite. Durante o banquete, Eneias contou sua história e Dido ficou impressionada com seu relato.

Apaixonada por Enéias, Dido organizou uma caçada nos arredores das montanhas de Cartago. Porém Hera convenceu ao deus dos ventos Bóreas a soprar um fortissimo vento naquelas montanhas o que obrigou a todos a buscar refúgio. 

Ávida por um abrigo, Dido se perdeu de seu grupo e se abrigou em uma gruta onde também chegou Eneias. A chuva continuou a cair e eles permaneceram toda noite dentro da gruta entregues aos seus amores.

Ali morava a Fama, filha da Terra, que sai de casa pequena mas vai crescendo progressivamente enquanto cumpre sua missão. Levando sua trombeta, a veloz deusa por sua própria natureza não anda, ela voa. 

Agitando suas asas, a Fama tem aparência bela e encantadora. Embora aos olhos dos amantes do pudor possa parecer às vezes muito feia, com suas asas amplas ela tem o dom da persuasão. Sua passagem por qualquer lugar é rápida, não precisa mais do que instantes para transmitir suas mensagens que logo recebem crédito.

Junto a ela vem outro ser de natureza semelhante, o Boato. É apenas um pouco mais discreto e tem a espantosa capacidade de dobrar de tamanho e volume a cada milímetro que avança. 

É um imenso ser alado, que rola com asas pelos céus mas sua boca é pequena. Esse ser não fala, mas carrega consigo a Calúnia e a Maledicência, suas amigas inseparáveis que falam baixinho.

De repente todos souberam do amor de Dido e Enéias na gruta, que a Fama fez questão de levar ao conhecimento da cidade, ajudada pelo Boato, a Calúnia e a Maledicência. 
A suposta castidade da rainha passou a ser comentada atingindo sua reputação. 

Mas antes que pudesse recuperar o respeito que tinham por ela, Eneias decidiu partir. Infeliz, a rainha Dido viu a frota de Eneias se distanciando. Por sua paixão e pela fama, a rainha Dido morreu, destruindo o grande reino que com muita astúcia havia construído...



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Muitas pessoas lutam para ter uma carreira de sucesso e se tornarem famosas. Porém poucas são aquelas que alcançam esse objetivo e depois não sabem o que fazer e como lidar com a fama. 

Muitas são as consequências que a fama traz com ela, pois sempre os holofotes estão apontados para o que as pessoas famosas fazem, sejam atos bons ou ruins.

Ter o trabalho reconhecido pelo público e pela mídia é algo maravilhoso. Melhor ainda é a independência financeira que se consegue, mas é preciso humildade para não despencar no abismo.

A fama tem dois lados: se por um lado ela traz sucesso, riqueza e badalação, por outro ela pode ser um tormento. A fama surge como um vulto e pode se transformar em vendaval para desespero das pessoas despreparadas. 

Muitas pessoas que se tornam famosas deixam que a fama lhe suba à cabeça, esquecendo-se que a fama é efêmera. Quem não deixa o sucesso falar mais alto, controla sua arrogância e trabalha firme na consolidação de sua carreira, tem maior chance de sobreviver à fama.

Para se tornar uma estrela deve-se a pagar um preço: a impossibilidade de frequentar lugares públicos, o fanatismo dos fãs, a falta de liberdade, a cobrança de estar sempre fazendo sucesso, as exigências da gravadora, o empresário, a mídia, a aproximação de pessoas interesseiras que pode transformar-se em solidão, a administração do dinheiro, o cuidado excessivo com a aparência e a invasão da privacidade. 

Nenhuma atitude de quem tem fama, passa despercebida pelos outros. Quem é ou quer se tornar famoso, deve ter estrutura para isso. Carreiras brilhantes necessitam de estrutura e personalidade...





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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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