segunda-feira, 29 de junho de 2020

Oceanides: os bons daimones





Do casamento  entre Oceanus e Tétis, que simbolizava a fecundidade feminina do mar, nasceram as ninfas dos mares ou Oceanides, que personificavam os rios, riachos, fontes e nascentes. Também nasceram as Nereidas, além de todos os seres marinhos que tomavam parte ativa nas aventuras dos deuses, tal como os golfinhos. Assim, Oceanus e Tétis passaram a representar o fluir das águas e da vida. 

As oceanides eram representadas com coroadas de flores acompanhando a concha de sua mãe Tétis em seus cortejos marítimos e viviam nos fundos inacessíveis do mar e do oceano. Elas se uniram a deuses e mortais criando uma nova descendência numerosa. Seres semidivinizados e objetos de culto, às oceanides eram oferecidos sacrifícios, tais como touros e cavalos lançados em sua correnteza. 

Os mais prestigiados eram os deuses-rios. Os gregos representavam o Nilo como um deus que fertilizou o Egito. Os deuses-rios Nilo e Escamandro geraram outras ninfas ao se unirem com outros elementos. Os rios do Hades simbolizavam os tormentos dos condenados como Aqueronte, o rio das dores. Cocito era o deus-rio dos gemidos e das lamentações e Lete a deusa-rio do esquecimento. 

O deus-rio Achelous e Melpômene geraram as Sereias e de outros amores nasceram várias fontes, como a Castália em Delfos utilizada na preparação da pitonisa do Oráculo de Apolo. Alguns rios ainda simbolizam o grande rio cósmico, como o Jordão na Palestina, o Nilo no Egito e o Ganges na Índia. Entre as oceânides estavam incluídas também: 

  • as Néfelas - ninfas das nuvens, 
  • as Auras - ninfas das brisas,
  • as Náiades - as ninfas das nascentes,
  • as Limoníadas - ninfas dos pastos, 
  • as Antusas - ninfas das flores. 

Outro grupo de oceânidas eram descritas como assistentes das deusas olímpicas, sendo mais conhecidas: as 60 companheiras de Ártemis, Peitho - a criada de Afrodite e Clímene - a aia de Hera. Algumas das oceânidas personificavam bênçãos divinas, tais como: 

  • Métis (Sabedoria) 
  • Clímene (Fama) 
  • Pluto (Riqueza) 
  • Ticke (Boa Sorte) 
  • Telesto (Sucesso)  
  • Peitho (Persuasão) 

A deusa Nêmesis (Retribuição) às vezes também é incluída, como a que providenciava equilíbrio aos dons de suas irmãs punindo a boa sorte não merecida. Esses bons daimones eram os Agathoi ao contrário dos Kakoi, que eram maus daimones. Na Teogonia eram descritas 3.000 oceânidas , tantas quantas seus irmãos, os deuses-rios e nomeiava outras 41 oceânidas, chamadas de "áureos tornozelos"...


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Tal como as águas a vida flui, porém nem sempre é uma tarefa simples. A ilusão de controlar como tudo deve ser permeia nossas mentes e nubla nossa visão, não nos permitindo perceber os resultados que estamos obtendo a partir de nossas escolhas e ações. E, aí, não nos reconhecemos como seres atuantes e entregamos nosso poder de mudança ao acaso e às vontades alheias.

Aquele que não sabe o que quer, seja em qual área da vida for, aceita viver submisso aos outros e não enxerga saídas. Acha que fluir é perambular pelos dias, espreitando a vida como se não fosse digno de tudo o que aprecia, almeja e sonha. Ao contrário, só se pode fluir com a vida aquele que encontra em si mesmo o que tanto procura fora. 

Não ter objetivos traçados não significa que nossas vidas sejam sem sentido, apenas é um sinal de que não estamos no nosso centro, em algum momento nos perdemos de nós nas distrações corriqueiras e plastificadas de sociedades desumanas demais, que enquadram e resumem a existência em telas de um punhado de polegadas.

Deixar que as coisas fluam não é sinônimo de não fazer nada, agindo como um espectador curioso que anseia um futuro qualquer pra ver no que dá, vivendo os sonhos apenas na imaginação e nunca os transformando em realidade. Tampouco é sair por aí desenfreado, agindo sem pensar, atropelando a si mesmo e aos outros na cegueira do automatismo. Duas situações opostas que não levam a lugar algum. 

Saber no mais profundo do nosso ser o que realmente queremos, sentimos e o que estamos buscando é um trabalho de auto-observação constante, não cessa. Quando temos essa intimidade conosco, que nos permite a compreensão do eu, entendemos que deixar fluir nada mais é do que perceber, de uma vez por todas, que, para manifestar nossos sonhos, é preciso entender quem somos e nossos reais propósitos, aquilo que nos alegra e eleva e faz o coração vibrar numa certeza tão intensa que julgamento mental algum ousa abalar.

Todas as respostas sussurram aos ouvidos e os acontecimentos nos banham em evidências de estarmos em total acordo com nossa alma. E isso é deixar fluir! A vida nos conduz a observá-la de forma panorâmica. Olhando de cima, vemos todos os pontos: novos caminhos, oportunidades, possíveis mudanças e a coragem pra agir, pra caminhar de forma fluida, atento e com a percepção aguçada. 

Temos cinco sentidos que não existem à toa. Como bônus, há também um sexto sentido, comumente chamado intuição. Compreender nossas aspirações nos abre as melhores portas e isso é totalmente diferente de simplesmente adentrar qualquer porta, vivendo por viver e esperando que, sem plantar, colheremos frutos. Se sabemos bem aonde estamos indo, ficamos mais leves para aceitar o inesperado que vem sem perder de vista o que buscamos para o amanhã. 

É que as vezes as coisas não saem como idealizamos; elas saem da forma que precisam para nos trazer os aprendizados que nos guiarão às respostas que tanto pedimos. O que pedimos nos é apresentado em forma de desafios, e os desafios nos tornam vencedores, aptos a descobrir mais, a transcender qualquer obstáculo. Observe: se pedimos paciência, situações complicadas nos exigirão o exercício da paciência. 

Só se aprende alguma coisa pelo próprio esforço e nos relacionando com os outros. É assim em todos os cenários de nossas vidas. Tudo o que se apresenta a nós está requisitando nosso trabalho. Portanto, toda vez que ouvimos ou sentimos que devemos deixar a vida fluir, é um sinal de que é chegada a hora de liberar um pouco desse peso que carregamos desnecessariamente. 

Abrir mão de certas coisas pode ser de fato muito inteligente de nossa parte e trazer aquele alívio que buscamos, mas não temos coragem de entregar, pois achamos que tudo está sob nosso controle. Melhor não pensarmos assim. Vamos seguir rumo aos nossos objetivos e deixar que a vida se encarregue de nos orientar ao próximo passo, na segurança de que somos todos merecedores do melhor e totalmente capazes de lidarmos com o pior, mesmo que não saibamos disso ainda...





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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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