quinta-feira, 28 de abril de 2022

Doutrina de Epicuro: ser feliz...





Nascido na Ilha de Samos em 341 a.C., o jovem Epicuro partiu para Téos na costa da Ásia Menor. Ainda criança ele estudou com Pânfilo, discípulo de Platão, sendo considerado um dos melhores alunos.  

Em 306 a.C. fundou sua própria escola filosófica, chamada "O Jardim", onde residia com alguns amigos tendo lecionado em sua escola até a sua morte em 270 a.C. Sua vida oi marcada pelo ascetismo, serenidade e doçura. 

O propósito da filosofia para Epicuro era atingir a felicidade, estado caracterizado pela Aponia - a ausência de dor física e Ataraxia ou imperturbabilidade da alma. Ele buscou na natureza as balizas para o seu pensamento: " O homem, a exemplo dos animais, deveria afastar-se da dor e aproximar-se do prazer ". 

Essas referências seriam as melhores maneiras de medir o que é bom ou ruim. Assim Epicuro utilizou da teoria atômica de Demócrito para justificar a constituição de tudo o que há. Das estrelas à alma, tudo é formado de átomos, sendo, porém de diferentes naturezas. 

Dizia que os átomos são de qualidades finitas, de quantidades infinitas e sujeitos a infinitas combinações. Assim a morte física seria o fim do corpo e do indivíduo, que era entendido como somatório de carne e alma, pela desintegração completa dos átomos que o constituem. 

Desta forma, os átomos, eternos e indestrutíveis, estariam livres para constituir outros corpos. Essa teoria, exaustivamente trabalhada, tinha a finalidade de explicar todos os fenômenos naturais conhecidos ou não e principalmente extirpar os maiores medos humanos: o medo da morte e o medo dos deuses. 

Naqueles tempos Epicuro percebeu que as pessoas eram muito supersticiosas e haviam se afastado da verdadeira função das religiões e dos deuses. Os deuses, segundo ele, viviam em perfeita harmonia, desfrutando da bem-aventurança divina. Não seria portanto, uma preocupação divina atormentar o homem de qualquer forma. 

Os deuses deveriam ser tomados como foram em tempos remotos, modelos de bem-aventurança, servindo como modelo para os homens e não como seres instáveis, com paixões humanas e que deviam ser temidos. Desta forma, procurou tranquilizar as pessoas quanto aos tormentos futuros ou após a morte. 

Não há por que temer os deuses, nem em vida e nem após a vida. Além disso, depois de mortos, como não estaremos mais de posse de nossos sentidos, será impossível sentir alguma coisa. Então, não haveria nada a temer com a morte. 

No entanto, no caminho da busca da felicidade, ainda estão as dores e os prazeres. Quanto às dores físicas, nem sempre seria possível evitá-las. Epicuro fez questão de frisar que elas não são duradouras e podem ser suportadas com as lembranças de bons momentos que o indivíduo tenha vivido. 

Piores e mais difíceis de lidar são as dores que perturbam a alma. Essas podem continuar a doer mesmo muito tempo depois de terem sido despertadas pela primeira vez. Para essas, Epicuro recomenda a reflexão. As dores da alma estão frequentemente associadas às frustrações. 

Em geral, oriunda de um desejo não satisfeito. Encontra-se, aqui, um dos pontos fundamentais para o entendimento dessa curiosa doutrina, que também foi tomada por seus seguidores e discípulos como um evangelho ou boa nova, o equacionamento entre dores e prazeres... 


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Das 300 obras escritas pelo filósofo, restaram apenas três cartas que versam sobre a natureza, sobre os meteoros e sobre a moral. Segundo Epicuro, para atingir a certeza é necessário confiar naquilo que foi recebido passivamente na sensação pura e, por consequência, nas ideias gerais que se formam no espírito, como resultado dos dados sensíveis recebidos pela faculdade sensitiva. 

Epicuro defendia ardorosamente a liberdade humana e a tranquilidade do espírito.  Ele acreditava que o atomismo poderia garantir ambas as coisas, desde que modificado. A representação vulgar do mundo com seus deuses, o medo dos quais fez com que se cometessem os piores atos, é obstáculo à serenidade. 

A doutrina de Epicuro entende que o bem reside no prazer, e, por isso, foi uma doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo. O prazer de que fala Epicuro é o prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa medida e não dos excessos.

É a própria natureza que nos informa que o prazer é um bem. Esse prazer, no entanto, apenas satisfaz uma necessidade ou aquieta a dor. A natureza conduz-nos a uma vida simples. O único prazer é o prazer do corpo, mas o mais alto prazer reside no que chamamos de saúde. 

Entre os prazeres, Epicuro elege a amizade, por isso o convívio entre os estudiosos de sua doutrina era tão importante, a ponto de viverem em uma comunidade; o "Jardim". Ali, os amigos poderiam se dedicar à filosofia, cuja função principal era libertar o homem para uma vida melhor...





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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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