Eileithyia, filha de Hera e Zeus, era a deusa do parto e da obstetrícia. Em tempos clássicos, havia santuários para ela nas cidades de Creta, Lato Eleutherna, uma caverna sagrada em Inatos e os romanos a chamavam Lucina. Juntamente com Artemis e Perséfone, as deusas eram representadas carregando tochas que significava trazer as crianças à luz e proteger as parturientes. Muitas vezes Eileithyia era convocada por sua mãe Hera para intervir nos partos das amantes de Zeus, mas Zeus sempre contava com sua ajuda de Eileithyia para proteger o nascimento de seus filhos bastardos.
Por ser uma esposa muito ciumenta, Hera mantinha estrita vigilância sobre o marido. Para fugir da vigilância da esposa, Zeus se metamorfoseava em diferentes formas para seduzir outras mulheres, como fez para seduzir Alcmena, mãe de Hércules. Alcmena era a virtuosa esposa de Anfitrião e, para seduzí-la, Zeus assumiu a forma de seu marido enquanto este estava ausente de casa. Quando seu marido retornou descobriu o que tinha acontecido e ficou tão irado que construiu uma grande pira para queimar Alcmena viva. Mas Zeus mandou nuvens de chuva para apagar o fogo.
Eileithyia predisse que o primeiro neto do pai da Alcmena se tornaria o rei da Grécia. Alcmena e sua irmã Nicipe estavam grávidas, mas Hera pediu a Eileithyia que causasse o parto de Nicipe antes de 9 meses e nasceu Euristeus que se tornou rei da Grécia, reino que era reservado para Hércules filho de Alcmena. Mesmo assim, Hera passaria a perseguir Hércules por toda sua vida.
Quando Zeus engravidou Leto, ela foi perseguida por Hera impedindo que o parto se realizasse em qualquer lugar. Grávida de gêmeos, Leto chegou à Ilha de Delos onde nasceu primeiro Artemis que ajudou no parto de seu irmão Apolo, por isso Artemis era invocada para auxiliar no trabalho de parto das mulheres. Junto com Eileithyia, Artémis passou a ajudar as mulheres grávidas no parto sem dor.
Hera provocou a morte de Sêmele quando ela estava grávida de Dioniso. Enfurecida com a traição do marido disfarçou-se e convenceu Sêmele a pedir a Zeus que lhe mostrasse todo o seu esplendor. Zeus havia prometido a Sêmele jamais negar-lhe algo e ao satisfazê-la, Sêmele não suportou a visão de Zeus com um grande clarão e morreu fulminada.
Na tentativa de salvar a criança e seguindo as recomendações das deusas, Zeus ordenou a Hermes que a costurasse em sua coxa. Assim, quando terminou a gestação Dioniso nasceu vivo e perfeito. Contudo Hera continuou a perseguir a estranha criança de chifres e ordenou aos Titãs que a matassem. Mais uma vez Zeus interferiu, resgatou o coração da criança e o cozinhou junto com sementes de romã transformando numa poção mágica que deu a Perséfone, esposa do deus das trevas. Perséfone engravidou e novamente Dioniso nasceu. Por isso passou a ser chamado "o que nasceu duas vezes", deus da luz e do êxtase.
Se uma mulher morresse durante o parto, acreditava-se que ela havia sido atingida por uma flecha de Artemis, mas ainda assim, as roupas da mulher falecida eram oferecidas à deusa Artémis. As cavernas eram consagradas a Eileithyia, já que tinham uma associação inevitável com o canal de nascimento. Embora não possa ser provado, sem dúvida existia uma ligação a essa crença.
Eileithyia era a deusa do parto e do nascimento, uma das experiências mais marcantes da vida da mulher e da criança. Muitas mulheres encaram o parto como símbolo de dor, devido à sua cultura ou outros conflitos, mas o modo como a mulher encara sua maternidade está diretamente influenciado pela sua infância em relação a sua própria mãe. Fatores negativos e traumas são intensificados no subconsciente, como sexualidade perturbada, relações conflituosas com o sexo masculino e outros traumas, se exteriorizando no momento de ser mãe.
Há mulheres que optam pelo parto natural com o mínimo uso de anestésicos, cooperando no processo de nascimento do seu filho. Em virtude de avanços técnicos, a parturiente experiencia um parto sem dor, mantendo-se consciente, participativa e, principalmente, presenciando o nascimento do filho. Elas se preparam para este momento através de treinamento da respiração, relaxamento de controle das contrações uterinas e buscam apoio psicológico.
Quando o parto transcorre sem complicações, se torna uma das experiências mais profundas e plenas de sua vida e o vínculo com o bebê se consolida mais facilmente. O parto natural estabelece uma continuidade da vida intra-uterina, pois escutando o batimento cardíaco e a voz da mãe, a criança reconhece que está em um ambiente de segurança e se acalma. O nascimento é sentido como uma transição natural do útero para os braços maternos.
Quando o parto é doloroso e traumático, a mãe pode se ressentir e culpar o filho pelo sofrimento a que está sendo submetida, podendo gerar emoções de hostilidade e rejeição à criança. Durante as contrações uterinas a criança está adormecida e não sente dor. Ela só desperta nos momentos finais quando se prenuncia a expulsão do útero preparando a criança para a capacidade de reagir aos estímulos ambientais, elevando o nível de excitabilidade neural e orientação espacial.
Um fator de grande interesse é em relação à duração do trabalho de parto. Enquanto algumas mulheres dão à luz em poucas horas, outras levam mais tempo, sentindo contrações muito dolorosas. Esta lentidão no parto poderia ser compreendida como a presença de desejos ambivalentes, tanto na parturiente quanto no feto. Assim, a parturiente poderia sentir uma profunda angústia diante da decisão de manter o filho dentro de seu útero ou de colocá-lo no mundo, renunciando a tê-lo só para si.
Também o feto, desejando permanecer na segurança e proteção do útero materno ao invés de enfrentar o mundo desconhecido e, portanto temido, pode causar lentidão no parto. Para o feto trata-se de uma decisão de vida ou de morte. Muitas vezes há necessidade da intervenção médica, para que o nascimento ocorra, principalmente quando se constata a existência de sofrimento fetal. Em alguns casos é necessário induzir o parto. Algumas mulheres podem perceber a indução como um alívio necessário para a mãe e o feto. Para outras, pode ser um modo violento de dinamizar o parto.
Mas existem algumas condições em que se faz necessário o parto cesáreo, que pode ser percebido de modo diferente por cada mulher. A grande dificuldade é que a mãe, neste momento, pode estar em extremos conflitos como o medo da anestesia e da cirurgia, e assim a mãe transmite ao feto um intenso desgaste emocional deixando a criança fragilizada e insegura. É importante que a mãe transmita ao filho, através da comunicação interna, sobre o que irá ocorrer.
Para o feto a cesariana representa uma forma de violência contra si. Se realizada sob anestesia geral, há uma quebra intrapsíquica entre a mãe e a criança, o que dificulta o fortalecimento do vínculo entre elas. Crianças que nascem de parto cesáreo podem nascer com hipotermia e tensão. O maior problema causado pela anestesia é que atravessando a barreira placentária produz graus variados de depressão fetal. Também se verifica que é mais frequente a sensação de indiferença materna diante do filho após a retomada da consciência. Na obstetrícia moderna, a cesariana é indicada e necessária, principalmente se há possibilidade de complicações para mãe e ou para a criança.
Há mulheres que insistem na cesariana programada por ter medo do parto natural. A passividade propiciada pela cesariana, em que a criança é retirada do útero sem a participação da mãe, tem paralelo com a dificuldade de assumir a função maternal, pelo temor de passar pelo trabalho de parto, como se precisasse ser poupada. A cesárea programada, ocorrendo antes do início de trabalho do parto, é percebida pelo feto como se tivesse sido arrancado de seu meio, sem que mãe filho tivessem manifestado o sinal biológico.
A humanização do parto visa assegurar que a experiência seja menos traumática, tanto para a mãe quanto para a criança, viabilizando o vínculo dos pais com a criança. A comunicação interna que a mãe estabelece com o feto no momento do parto é importante para que o filho sinta-se seguro. Atualmente sabe-se que, mediante uma série de sinais complexos, mãe e criança realizam um compromisso na finalização da gravidez. Neste contexto, o parto é vivenciado de modo diverso por cada mulher que é influenciado por sua história de vida, personalidade, o período da gravidez e a história do casal.
Bibliografia: Guia do Bebê / Psicologia da gestação
Por ser uma esposa muito ciumenta, Hera mantinha estrita vigilância sobre o marido. Para fugir da vigilância da esposa, Zeus se metamorfoseava em diferentes formas para seduzir outras mulheres, como fez para seduzir Alcmena, mãe de Hércules. Alcmena era a virtuosa esposa de Anfitrião e, para seduzí-la, Zeus assumiu a forma de seu marido enquanto este estava ausente de casa. Quando seu marido retornou descobriu o que tinha acontecido e ficou tão irado que construiu uma grande pira para queimar Alcmena viva. Mas Zeus mandou nuvens de chuva para apagar o fogo.
Eileithyia predisse que o primeiro neto do pai da Alcmena se tornaria o rei da Grécia. Alcmena e sua irmã Nicipe estavam grávidas, mas Hera pediu a Eileithyia que causasse o parto de Nicipe antes de 9 meses e nasceu Euristeus que se tornou rei da Grécia, reino que era reservado para Hércules filho de Alcmena. Mesmo assim, Hera passaria a perseguir Hércules por toda sua vida.
Quando Zeus engravidou Leto, ela foi perseguida por Hera impedindo que o parto se realizasse em qualquer lugar. Grávida de gêmeos, Leto chegou à Ilha de Delos onde nasceu primeiro Artemis que ajudou no parto de seu irmão Apolo, por isso Artemis era invocada para auxiliar no trabalho de parto das mulheres. Junto com Eileithyia, Artémis passou a ajudar as mulheres grávidas no parto sem dor.
Hera provocou a morte de Sêmele quando ela estava grávida de Dioniso. Enfurecida com a traição do marido disfarçou-se e convenceu Sêmele a pedir a Zeus que lhe mostrasse todo o seu esplendor. Zeus havia prometido a Sêmele jamais negar-lhe algo e ao satisfazê-la, Sêmele não suportou a visão de Zeus com um grande clarão e morreu fulminada.
Na tentativa de salvar a criança e seguindo as recomendações das deusas, Zeus ordenou a Hermes que a costurasse em sua coxa. Assim, quando terminou a gestação Dioniso nasceu vivo e perfeito. Contudo Hera continuou a perseguir a estranha criança de chifres e ordenou aos Titãs que a matassem. Mais uma vez Zeus interferiu, resgatou o coração da criança e o cozinhou junto com sementes de romã transformando numa poção mágica que deu a Perséfone, esposa do deus das trevas. Perséfone engravidou e novamente Dioniso nasceu. Por isso passou a ser chamado "o que nasceu duas vezes", deus da luz e do êxtase.
Se uma mulher morresse durante o parto, acreditava-se que ela havia sido atingida por uma flecha de Artemis, mas ainda assim, as roupas da mulher falecida eram oferecidas à deusa Artémis. As cavernas eram consagradas a Eileithyia, já que tinham uma associação inevitável com o canal de nascimento. Embora não possa ser provado, sem dúvida existia uma ligação a essa crença.
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Eileithyia era a deusa do parto e do nascimento, uma das experiências mais marcantes da vida da mulher e da criança. Muitas mulheres encaram o parto como símbolo de dor, devido à sua cultura ou outros conflitos, mas o modo como a mulher encara sua maternidade está diretamente influenciado pela sua infância em relação a sua própria mãe. Fatores negativos e traumas são intensificados no subconsciente, como sexualidade perturbada, relações conflituosas com o sexo masculino e outros traumas, se exteriorizando no momento de ser mãe.
Há mulheres que optam pelo parto natural com o mínimo uso de anestésicos, cooperando no processo de nascimento do seu filho. Em virtude de avanços técnicos, a parturiente experiencia um parto sem dor, mantendo-se consciente, participativa e, principalmente, presenciando o nascimento do filho. Elas se preparam para este momento através de treinamento da respiração, relaxamento de controle das contrações uterinas e buscam apoio psicológico.
Quando o parto transcorre sem complicações, se torna uma das experiências mais profundas e plenas de sua vida e o vínculo com o bebê se consolida mais facilmente. O parto natural estabelece uma continuidade da vida intra-uterina, pois escutando o batimento cardíaco e a voz da mãe, a criança reconhece que está em um ambiente de segurança e se acalma. O nascimento é sentido como uma transição natural do útero para os braços maternos.
Quando o parto é doloroso e traumático, a mãe pode se ressentir e culpar o filho pelo sofrimento a que está sendo submetida, podendo gerar emoções de hostilidade e rejeição à criança. Durante as contrações uterinas a criança está adormecida e não sente dor. Ela só desperta nos momentos finais quando se prenuncia a expulsão do útero preparando a criança para a capacidade de reagir aos estímulos ambientais, elevando o nível de excitabilidade neural e orientação espacial.
Um fator de grande interesse é em relação à duração do trabalho de parto. Enquanto algumas mulheres dão à luz em poucas horas, outras levam mais tempo, sentindo contrações muito dolorosas. Esta lentidão no parto poderia ser compreendida como a presença de desejos ambivalentes, tanto na parturiente quanto no feto. Assim, a parturiente poderia sentir uma profunda angústia diante da decisão de manter o filho dentro de seu útero ou de colocá-lo no mundo, renunciando a tê-lo só para si.
Também o feto, desejando permanecer na segurança e proteção do útero materno ao invés de enfrentar o mundo desconhecido e, portanto temido, pode causar lentidão no parto. Para o feto trata-se de uma decisão de vida ou de morte. Muitas vezes há necessidade da intervenção médica, para que o nascimento ocorra, principalmente quando se constata a existência de sofrimento fetal. Em alguns casos é necessário induzir o parto. Algumas mulheres podem perceber a indução como um alívio necessário para a mãe e o feto. Para outras, pode ser um modo violento de dinamizar o parto.
Mas existem algumas condições em que se faz necessário o parto cesáreo, que pode ser percebido de modo diferente por cada mulher. A grande dificuldade é que a mãe, neste momento, pode estar em extremos conflitos como o medo da anestesia e da cirurgia, e assim a mãe transmite ao feto um intenso desgaste emocional deixando a criança fragilizada e insegura. É importante que a mãe transmita ao filho, através da comunicação interna, sobre o que irá ocorrer.
Para o feto a cesariana representa uma forma de violência contra si. Se realizada sob anestesia geral, há uma quebra intrapsíquica entre a mãe e a criança, o que dificulta o fortalecimento do vínculo entre elas. Crianças que nascem de parto cesáreo podem nascer com hipotermia e tensão. O maior problema causado pela anestesia é que atravessando a barreira placentária produz graus variados de depressão fetal. Também se verifica que é mais frequente a sensação de indiferença materna diante do filho após a retomada da consciência. Na obstetrícia moderna, a cesariana é indicada e necessária, principalmente se há possibilidade de complicações para mãe e ou para a criança.
Há mulheres que insistem na cesariana programada por ter medo do parto natural. A passividade propiciada pela cesariana, em que a criança é retirada do útero sem a participação da mãe, tem paralelo com a dificuldade de assumir a função maternal, pelo temor de passar pelo trabalho de parto, como se precisasse ser poupada. A cesárea programada, ocorrendo antes do início de trabalho do parto, é percebida pelo feto como se tivesse sido arrancado de seu meio, sem que mãe filho tivessem manifestado o sinal biológico.
A humanização do parto visa assegurar que a experiência seja menos traumática, tanto para a mãe quanto para a criança, viabilizando o vínculo dos pais com a criança. A comunicação interna que a mãe estabelece com o feto no momento do parto é importante para que o filho sinta-se seguro. Atualmente sabe-se que, mediante uma série de sinais complexos, mãe e criança realizam um compromisso na finalização da gravidez. Neste contexto, o parto é vivenciado de modo diverso por cada mulher que é influenciado por sua história de vida, personalidade, o período da gravidez e a história do casal.
Bibliografia: Guia do Bebê / Psicologia da gestação